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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Empresas de segurança intensificam capacitação

Empresas de segurança privada vêm aumentando sistematicamente seus investimentos em capacitação e treinamento de seus quadros de pessoal e em tecnologia de ponta para atender um mercado que, nos últimos anos, cresceu entre 20% e 30% no rastro do aumento da criminalidade e na onda da expansão econômica do país.
Especializadas em segurança patrimonial, pessoal, eletrônica, escolta, muitas dessas empresas têm focado o treinamento de seus vigilantes para o setor onde há maior fluxo e contato com o público, como é o caso da indústria de shopping centers, que, em 2009, fechou com um faturamento de R$ 71 bilhões, quase 10% a mais do ano anterior, R$ 64,6 bilhões.
Para este ano, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) prevê um incremento ainda maior, de 12%, nas vendas, que devem se aproximar pelo menos dos R$ 80 bilhões. Não custa lembrar que, entre 2006 e 2008, esse segmento cresceu 28%, além de ser responsável por 18,3% do varejo nacional e por 2% do PIB do País.
Daí a necessidade de intensificar o treinamento comportamental e a reciclagem de vigilantes das empresas de segurança privada, além de uma constante atualização de soluções tecnológicas para monitorar esses locais com câmeras camufladas colocadas em locais estratégicos que não sejam percebidas pelos clientes.
“Ao entrar num shopping, as pessoas precisam ter a sensação de segurança sem perceber que tem alguém que está fazendo isso por elas”, diz Flavio Sandrini, superintendente da Verzani & Sandrini Segurança, que tem uma carteira de 44 shoppings entre São Paulo e Rio de Janeiro. Ele conta que a empresa, que atua no mercado há 18 anos, tem investido, em média, 2% de seu faturamento em treinamento e reciclagem de seus mais de 3 mil vigilantes, alem de compra de tecnologia. O executivo preferiu não quantificar quanto a empresa gasta nesse programa. “Em meados do ano passado, fomos a primeira empresa do Brasil a adquirir uma arma não letal para nossos vigilantes”, diz Sandrini.
Com a proliferação de shopping centers no país e a demanda por segurança privada, a Verzani & Sandrini estima crescer este ano pelo menos 15%, metade do verificado antes da crise global.
A Gocil, uma das maiores e mais antigas empresas nesse setor, com mais de 10 mil vigilantes espalhados em SP, RJ, PR, SC e RS, diz estar investindo mais de R$ 4 milhões por ano apenas em treinamento desse contingente. “A melhor forma de fazer segurança em locais com alto fluxo de pessoas é a conjugação de homens capacitados e bem treinados com alta tecnologia”, diz Washington Umberto Cinel, presidente da Gocil. De acordo com ele, a empresa, há 25 anos no mercado, treina e capacita seus vigilantes pelo menos uma vez a cada 120 dias. “Só no decorrer deste ano, já foram mais de 7,3 mil horas de treinamento”, afirma Cinel.
A Provise, com 3 mil funcionários na área de vigilância, tem investindo R$ 500 mil nos últimos dois anos em treinamento e reciclagem de vigilantes e em tecnologia. “Parte desse treinamento é feita, inclusive, nos Estados Unidos, onde existe o melhor em tecnologia de segurança e vigilância”, diz Alberto Khzouz, sócio presidente da empresa, que atua no mercado há 16 anos no eixo São Paulo e Rio.
A Provise é outra que vem crescendo 30% ao ano, mesmo num mercado altamente competitivo. Para Khzouz, entretanto, a forma mais moderna e efetiva de fazer segurança em locais de altíssimo fluxo de pessoas é começar por um projeto de gerenciamento de risco antes mesmo de o shopping ser erguido. “Antes de determinar o tipo de equipamento e o número de seguranças que serão alocados nesse ou naquele lugar, é necessário medir os riscos”. De acordo com ele, essa “cultura” de segurança ainda é uma deficiência no Brasil por ter custo elevando, mas acaba saindo “de graça” se for planejado juntamente com o projeto de construção de um shopping, por exemplo. Embora diga ser difícil precificar, já que depende do tamanho do empreendimento e do fluxo de pessoas, Khzouz diz que o objetivo de um projeto deve ser o de passar pelo conceito de diminuir os riscos desde o princípio.

Fonte: Valor Econômico de 29/06/2010

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